A imagen cria a narrativa: um suicídio é encenado. O personagem, um boneco, aparece imóvel, sentado, na primeira foto. Na segunda já o vemos pendurado pelo teto, num suposto enforcamento. O olhar do artista aqui vai para as experiências extremas, aquelas que redimensionam o sentido da vida, aquelas que ninguém parece querer ver, como a morte. A técnica é um trabalho de revelação, na qual constantes intervenções e ranhuras impedem a imagem de ser límpida. Ele prefere figurar aquilo para o qual os demais viram o rosto: sujeiras da alma, aspectos recônditos do mundo. Forma e conteúdo têm identidade. Um artista que se atrai pelo lado sombrio do mundo não produz imagens de simples fruição e de beleza imediata. O encanto quanto às imagens de Desali precisa de tempo e vontade do espectador.