O trio Paula Lanza, Warley Desali e Loreno Ross ocupou a Galeria de Arte do Centro Cultural Sesiminas com a proposta de envolver as comunidades dos arredores da instituição, bem como outros coletivos, para um processo de criação conjunta. As ações, que se desenvolveram em torno de um barracão de construção civil projetado pelo grupo, aconteceram nos meses de abril e maio de 2017.
Antes de iniciar uma obra, é necessário construir o canteiro de obras, de forma a garantir organização. Trata-se de uma área de trabalho temporária, onde se desenvolvem as operações de apoio e execução. Esse é composto de um alojamento para ferramentas e área de vivência para refeições, descanso, reuniões e criação. A estrutura vai sendo modificada ao longo da realização da obra, de acordo com os serviços efetivados.
A fim de provocar uma fusão entre a obra da construção civil e a obra de arte, foi construído um alojamento de tapumes que oferecesse apoio às atividades a serem realizadas por todxs xs artistas e coletivos convidadxs da mostra CORPO PRESENTE, fazendo uma analogia com o atelier dx artista.
Dessa maneira, o intuito foi promover um ambiente propício para o intercâmbio de ideias e processos criativos entre artistas participantes, coletivos convidados e público frequentador do Centro Cultural Sesiminas. Ao final, não será possível definir autoria, nem dinstinguir o que é obra de arte e o que obra civil.
A convite do trio, a Academia TransLiterária marcou o evento de abertura da mostra CORPO PRESENTE com a performance Ocupa TransLiterária. O objetivo do coletivo, formado por artistas de variadas linguagens, entre elxs, moradorxs da Vila Dias (ao lado do bairro Santa Efigênia), é incluir diversos gêneros na fala, na escrita e em todas as formas de arte. Um espaço em que os transgêneros tenham voz e sejam protagonistas da sua própria história e expressão artística.
O grupo acolheu, ainda, o Cio da Terra – Coletivo de Mulheres Migrantes para a realização de uma roda de conversa sobre gênero e sexualidade, com as contribuições de Crystal Lopez, também integrante da Academia Transliterária, e Paulo Vaz. Na oportunidade, as pessoas presentes foram convidadas a intervir no espaço expositivo da galeria, dialogando, assim, com a mostra CORPO PRESENTE.
Entre uma ocupação e outra, os artistas convidados desenvolveram instalações com materiais de construção e rejeitos encontrados nas ruas do bairro Santa Efigênia. Tijolos, areia, cacos de vidro, arames, brita, sobras de madeira e pregos deram forma a esculturas que, ora se apagavam entre os “escombros” de uma obra em processo, ora ameaçavam o público com sua aparência nociva.